Muito fica por dizer e relembrar...

Fotografia R.M
Finalmente chegou a noticia na forma de num telefonema, noticia que n é noticia, novidade que n era novidade.
Continua no entanto novidade este sentimento que desperta tamanha confusão e lança tanta inquietude, tudo roda tudo gira em uma imensidão de sentimentos que impera á nossa volta impossível de controlar nos olhares, nas vozes, nas vibrações, no chão no céu na água no vento tudo trás uma memória atrás, tudo gera reacção. Já me tinha preparado ou assim me fazia crer, sempre o fiz e sempre o encarei assim, racionalizando e aceitando como um novo ciclo, uma nova verdade, n o posso alterar n o posso impedir apenas me posso impor o aceitar e ficar impotente perante tudo isso que se desenrola á minha frente. Que poderia eu ter feito diferente, teria surtido algum alívio... faria diferença, seria bem recebido… acredito que sim mas sinto que não.
As pessoas n são todas iguais e por isso mesmo existem boas e más pessoas, mas claro de quem parte n se fala mal.. porquê? têm medo de os encontrar mais tarde e lhes ser pedido satisfações? toda a gente comete erros, acredito que sim, nem todos os aceitam ou sequer os admitem perante os outros e a si mesmo faz parte de serem quem são. As coisas nunca foram fáceis n era fácil de lidar e aceitar. Teve os seus momentos menos felizes perante todos nós, mas bastou-me apenas uma vez, um momento mais calmo para num vislumbre silencioso e de um olhar mais demorado para poder sentir todo o peso que trazia nas suas costas, sentado aos pés da cama de frente para a cómoda de madeira antiga com um simples espelho acima dela e alguns retratos pousados que relembravam outros tempos e outras companhias, a sua cabeça baixa a respiração pesada e um mexer de dedos sem propósito algum, o sol lá fora já se despedia com uma cor avermelhada quente… ainda hoje essa imagem é muito forte e presente em mim de tal modo que o simples acto de relembrar ao escrever se torna tão difícil de escrever e descrever, nos dias de hoje ainda n consegui descobrir imagem ou palavra alguma que descreva tamanho sentimento.
Mas acredito que ao seu jeito e modo muito peculiar aliviou um pouco esse peso nas suas costas, e o fez nos seus actos do dia a dia e nas pequenas coisas que fazia ao longo dos anos.
Ainda agora me espanto em como no espaço de 3 meses para cá tudo mudou, a rapidez com que toda a confusão e todo o seu mundo se reposicionara dentro da sua mente e com ela a sua fisionomia a sua autonomia a liberdade de poder apreciar pequenas coisas acabando confinado a permanecer em casa, daí a passar o dia numa cama pouco vai. Algumas horas ainda fiquei a tentar entender a sua mente, ás vezes ria-me de tal coisas que ele afirmava outras vezes era frustrante pois tentava encontrar alguma lógica em tudo o que dizia, mas em vão n conseguia chegar a ele, eram velhas coisas por vezes coisas de quando ainda nem existia acabando por vezes por passar por alguém que na sua mente o visitava que não eu.
Tão pouco tempo passou e já me questiono de esquecer... de n ter a certeza da sua expressão, do seu toque, daquilo que me ensinou, daquilo que me deu ou que fez para mim que fico relembrando coisas e mais coisas o que torna ainda mais difícil, difícil de poder ser o apoio de quem me rodeia e que sinto que têm um pesar no seu coração e eu nada poder fazer para aliviar essa perda.
Muito fica por dizer e relembrar, mas certamente n será por isso que o deixarei de fazer, outro sitio, noutra altura.
Aqui fica o meu abrigado a ele por tudo, pelas coisas boas e pelas coisas más pois de todas elas tirei lições e acredito que hoje serei melhor do que ontem devido a tudo isso, um adeus em jeito de até já pois para mim aqueles que partem sempre permanecerão comigo a meu lado nas boas e más alturas.
R.M.